quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Espera

Aquela visão me apavorou. Luzes de ambulância num trânsito congestionado. Chove lá fora. Túnel parado. Sons vindo de todos os lados. Motos se espremem entre os carros. Carros se espremem entre outros carros. Barulho da ventilação do túnel. Motos buzinam freneticamente - avisam que vão passar, por você ou sobre você. As ambulâncias avisam que tem alguém ferido. Os carros se afastam, milímetros, mais ainda não é suficiente. A sirene toca mais alto. As motos querem aproveitar a oportunidade pra passar entre as brechas dos carros. Com o vidro aberto todos os sons se misturam. O médico me espera, estou atrasada. Ele não vai esperar mais 5 min. Tem um compromisso as 7hs. Eu preciso sair dali. Todos precisam. Mas nenhum de nós vai a lugar nenhum. Sucumbimos ao desespero. Alguns buzinam, outros esperam. Trocamos de faixa enlouquecidamente, na esperança de avançar mais alguns centímetros. O cenário é triste, numa mistura de bege concreto com cinza poluição e chuva.
Foram 10 minutos de agonia, que acabaram na sala de espera de um cardiologista vascular e mais uma hora de espera.
E parece que estamos sempre à espera...