sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Perspectivas

Será que um fato é simplesmente um fato? Será que uma época da história pode ser vista e revista somente por um ou dois ângulos? Porque sempre pensamos que os acontecimentos tem somente um lado ou dois? Assim como o bem e o mal?

Quem são as mulheres? Sempre analisamos o papel da mulher na história visando "finalidades", encaixes, moldes e rótulos. Hoje me vejo aqui, sentada em frente a um computador, escrevendo o que quero nesse universo chamado "web", para quem quiser ler. Vejo um mural com diversas fotos, que escrevem uma história, de acertos ou meio-acertos, de liberdade e de cárcere, mas sobretudo de vida.

Quantos anos passamos tentando encontrar o nosso papel no mundo, na vida de nossos pais e amigos, de nossos maridos e amores. Mas porque? Porque sempre a nós coube essa responsabilidade de nos encaixar, de nos tornarmos modelos de comportamento e previsão de futuro? Confesso que não tenho essa resposta. Mas sim, vejo, quanta beleza existe nessa viagem no tempo, em que sempre lutamos para nos encontrar, nos compreender, e nos aprimorar.

Um dia nossa meta já foi agradar nossos maridos, criar nossos filhos e viver em função de todos. Depois quisemos estudar, descobrir o que havia no mundo fora daquelas quatro paredes que nos aprisionavam e nos acolhiam. Fomos criticadas e julgadas por nós mesmas, vivemos a angústia de não saber a melhor direção, muitas de nós viveram à margem de uma sociedade determinante somente pelo desejo de poder fazer suas próprias escolhas.

Estudamos, tomamos a direção contrária aos ditames sociais, lutamos, choramos e sorrimos. Algumas decidiram permanecer na obscuridade, com receio dos olhares de uma crítica cruel. As idéias estavam divididas. Algumas por sonho, outras por experiência própria, cada uma à sua própria maneira escolheu o seu caminho.

E hoje? Hoje vivemos no mesmo caos interior, na tentativa atribulada de mostrar a tudo e todos que somos capazes de ser não apenas uma, mas várias! De sermos a dona de casa que nada deixa faltar a seu marido e filhos, que é uma exímia decoradora, uma profissional reconhecida e capaz, uma estudante persistente, um corpo escultural, de pele e cabelos perfeitos, e unhas sempre feitas.

Mas será que, depois de todos esses "feitos", descobrimos de verdade quem somos nós e qual o nosso papel no mundo? Na verdade, a mais importante conclusão que tiro diante da análise de nossa história é compreender que não precisamos de um rótulo, que não precisamos definir e estampar o nosso papel na humanidade como uma nota promissória que se assina sob pena de perder todos os seus pertences. O importante é que experimentamos, vivemos, descobrimos do que somos capazes.

Não precisamos mais provar nada a ninguém, não precisamos viver todos os dias tentando atingir a perfeição, não precisamos concorrer umas com as outras pela beleza ou pela eficiência e não precisamos tentar encontrar uma explicação para todos os nossos atos, como quem presta contas de uma vida. Não precisamos ser simplemente um "sim" ou um "não, ou viver em função de motivos externos, de terceiros. Precisamos respirar fundo, encontrar o caminho do meio, fazer nossas escolhas, enfrentar o mundo com a gentileza e o amor que nos é característico, e nunca deixar que alguém nos diga quem podemos ser ou até onde podemos ir.

No dia em que compreendermos a grandiosidade que é ser mulher, nós vamos entender, assim como todos que nos rodeiam, que cada um tem seu próprio valor, que não precisamos lutar para acabar com as diferenças, que não precisamos vencer sempre, e que trazemos dentro de nós uma força incrível, quase indestrutível, a força da natureza e a suavidade de ser mulher.