sábado, 8 de setembro de 2007

Você entende a Bahia?

Entender a Bahia (Salvador) não é tarefa fácil. Eu até me arriscaria a dizer que somente é possível entender faces da Bahia, mas não ela em toda a sua intensidade e infinitas manifestações.

A Bahia é praia, é sol e também é lua cheia, que reflete no mar com mais clareza que em qualquer outro lugar.
A Bahia é impossível de esquecer, mas nos permitimos deixá-la pra trás, como uma recordação maravilhosa, como quem vai pra casa dormir por estar tão cansada de dias e noites de festas.
A Bahia é um conjunto de emoções, de felicidade e indignação, por ver um povo naturalmente feliz e também maltratado.
A Bahia é a reunião de todas as religiões e adorações, um misto de poder e temor, à espera de novas bençãos e provações.
A Bahia, palco de ganância política e brigas pelo poder, pelo comando de uma terra que é vista e admirada dentro e fora do Brasil.
A Bahia, palco de lutas raciais e convivência pacífica, numa missigenação sem fim.
A Bahia, terra dos mais lembrados e também dos esquecidos, lugar símbolo do início dos nossos tempos, que reflete como nenhum outro lugar a natureza exploratória dos homens, que vem sorver mas nunca ofertar.
A Bahia é música, é o toque do timbal, é o misto de vozes cantando a uma só voz, é expressão legítima de várias povos, e terra de sensualidade e sexualidade exacerbadas e incontidas.
A Bahia é uma rede na varanda, é a ladeira do pelourinho, é a escadaria do Bonfim, que agora divide espaço com arranha-céus e shoppings centers super modernos.
Lugar de amores que se iniciam ao final do carnaval e terminam ao início do próximo.
Lugar de expressar o vem do fundo da alma, por pura inspiração de um céu azul e de uma manhã ensolarada que sorri cedo ao seu povo.

E está no sangue mesmo, isso não há como negar. Seja lá qual for o estopim que te ligue àquele solo, ele existe para todos os baianos. Pode ser o cheiro do acarajé ou da moqueca, o axé, a visão da multidão reunida atrás do trio, a vista do elevador lacerda ou do farol da Barra, ou o som das palavras proferidas em legítimo baianês! Não há esse baiano que não se tranporte imediatamente à sua terra natal, e não sinta ao mesmo tempo um misto de felicidade, dor e saudade.

Sinto muito, lugar indescritível. Quem nunca pisou na Bahia, deveria. É, definitivamente, um solo sagrado. Pisar nesse solo, sinto dizer, não é garantia que se há de entendê-lo. Mesmo muito de nós, que nascemos lá, não conseguimos esse feito. Mas, mesmo assim, possuimos a vaidade pela dádiva de sermos produto desse magnífico lugar, que ainda não foi devidamente descoberto por seu povo, mas que mesmo assim é generoso o suficiente e nos permitir respirar seu ar permeado de sal, alegria e intensidade.

Sem dúvida, muito mais poderia e haveria de ser dito sobre a Bahia, pois lá existe uma infinidade de tudo! mas