sexta-feira, 8 de junho de 2007

Fronteiras

Você conhece as fronteiras? você já viu, já pegou, já fotografou elas alguma vez? (já aviso que não vale aquele posto da polícia colocado em cima de uma linha desenhada no chão, tá?)
Eu particularmente acho isso tudo muito engraçado e interessante. Porque será que as fronteiras foram criadas, para quem, quando, e quem o fez? Algumas dessas perguntas são aparentemente fáceis de serem respondidas, mesmo porque a maioria de nós já leu e estudou sobre isso nos tempos de colégio, ou então por "intuição" e observação, de alguma forma entende o motivo da existência delas - organização social, política, econômica, cultural, etc...
Mas eu tenho algumas considerações sobre o assunto.
Será que aquelas razões que encontramos nos livros são as razões reais para a existência das fronteiras? ainda que sejam, será que também não há algo mais por trás de tudo isso, que não seria fácil ou adequado para ser relatado em um livro de história a ser utilizado por "jovens" estudantes?
Sabe o primeiro indicativo que me faz perceber que um fronteira existe? É quando decido viajar e aí preciso iniciar um verdadeira via crucis de passaporte, vistos e papeladas, a fim de garantir meu direito de ir e vir, e assim de dar uma espiada nos costumes alheios. Eu sinceramente já começo a me sentir incomodada a partir desse ponto. Acho muito embaraçoso e constrangedor ter que se preocupar em provar pra alguém que estamos aptos a entrar em seus países, e isso já cria uma nuvem de insegurança antes mesmo de iniciar a caminhada.
Mas...burocracias à parte, vou para a questão que eu chamaria de "operacional" - que abrange o cultural e o dia a dia de novos costumes, moedas e etc.. Esse sim é interessante. Geralmente as pessoas não viajam de peito aberto, esperando compreender o funcionamento e as bases da civililzação a ser visitada. Elas vão com objetivos específicos, de desfrutar de alguma praia maravilhosa, conhecer novos shoppings (como se eles pudessem ser realmente diferentes só por estarem em outra localização geográfica), igrejas, museus, parques, etc.. Para mim essas pessoas podem ser classificadas em dois grupos: o primeiro, que toca o pau no seu país de origem e fica extasiada com as maravilhas do novo ou do velho mundo; e o segundo, que curiosamente busca durante toda sua viagem o que deixou no seu país de origem (acreditem, isso acontece muito!).


Mas raramente algum cidadão de ambos os grupos, ou até mesmo aqueles que não podem ser classificados neles, por qualquer razão que seja, tem o interesse genuíno em compreender o que se passa no lugar, como vivem as pessoas, quais são suas raízes e costumes. Eu particularmente acredito ser esse o verdadeiro valor das viagens, abrir a cabeça, permitir que novas idéias nos invadam, novos pensamentos e formas de ver o mundo e encarar a vida.

Resumindo. As fronteiras existem? sim, elas existem, mas mais importante que isso é o que de verdade elas representam. Para mim as fronteiras geográficas são meras representações dos nossos próprios limites, das barreiras que criamos entre nós e os outros, e até mesmo entre nossos "Eus", o exterior e o interior. É a exteriorização da nossa limitação para lidar com o desconhecido, o diferente, o inesperado. E por fim a nossa necessidade de criar regras e modelos de comportamento, estereótipos que nos permitam identificar e rotular grupos e pessoas.

Sobre questões políticas e interesses econômicos exploratórios falamos em uma outra ocasião...

E aí, não está na hora de você rever os seus conceitos?