segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O passar do tempo

Hoje entendo melhor que a idade nada mais é do que a representação do tempo para uma mudança de estado de espírito. Pode ser chamado também de amadurecimento, de fases da vida...enfim, há uma infinidade de nomes para expressar nossas mudanças e os novos desejo que vamos tendo ao longo da vida.

Uma coisa não posso negar: as viagens que faço quase sempre me trazem uma necessidade de pensar. Dessa vez, passei muito tempo fora, o que fez com que essa necessidade aumentasse consideravelmente, trazendo junto uma certa necessidade de mudança. Sei que não sou uma pessoa dada a rotinas. De fato tenho dificuldade de viver assim. Mas será mesmo? Como definir rotina? Ou melhor, como definir a ausência dela?

Eu sei que falei a principio de dois temas aparentemente diferentes e desconexos. Mas, para mim eles estão diretamente relacionados. Rotina e Mudanças. E olha só que colocar as coisas dessa forma para mim já é um avanço! Até pouco tempo atrás seguramente eu diria "rotina versus mudança".

Sei lá, mas sempre tive a sensação de que esse lance de amadurecer depois de uma certa idade - no meu caso 30 - teria um "q" de rotina com uma pitada de velhice. Aquelas horas intermináveis cuidando da casa, da organização funcional de um lar, e o futuro predestinado por esperas à porta da escola, correria entre aula de ballet e de inglês, e eu alí, jogada num canto ao final do dia sem esperar mais nada da vida. Sei que parece uma forma extremamente pessimista e insensível de ver as coisas, mas tô sendo sincera em dizer que isso sempre me apavorou!

Mas será que é assim mesmo? Tenho no entanto observado que algumas razões obscuras faziam parte desse meu pensamento pessimista, e que eu nunca quis ou até mesmo nunca consegui enxergá-las. E eis que de repente me pego admitindo que talvez exista algo mais por trás dessa minha necessidade de ausência de rotina...

Comecemos pela parte mais fácil: porque não ter um gato ou um cachorro? Apesar da minha aparente enorme vontade de ter um bichinho de estimação, milhões de justificativas contrárias a essa idéia surgem imediatamente na minha cabeça - não tenho tempo pra cuidar, viajo muito, nunca estou em casa, se viajo de férias não tenho com quem deixar...etc.. Mas nunca tive coragem de adimitir que o que mais me apavora é saber que existe alguém, um ser vivo, que depende de mim - e só de mim. Hoje mesmo eu estava almoçando com amigas, e me dei conta de quanto a minha vida é determinada pelo meu trabalho. Eu sempre fui onde ele me levou, nunca considerei a possibilidade de fazer as coisas de uma forma diferente, e mais, nunca considerei a idéia de ter planos pessoais antes de saber o que meu trabalho ia exigir de mim. E no final das contas eu andei pensando...será que eu sempre usei o meu trabalho como desculpa pra não fazer minhas próprias escolhas???

Esse pensamento caiu como uma bomba na minha cabeça, e a verdade é que agora não sei o que fazer com ele. Como na minha cabeça tudo funciona de uma forma racional, imediatamente já senti a necessidade de racionalizar essa questão e começar a fazer uma lista de planos pessoais com datas e tudo mais!! ufa...aí parei, respirei e pensei "calma, pelo menos você já identificou algo em que precisa refletir, o que não quer dizer que isso será matematicamente resolvido com uma lista de pendências!"....

E aqui estou eu, com esse novo pensamento rondando minha cabeça, as idéias vazias e uma inércia que me domina...alguém me diga - essa charada tem resposta?